Você sabe quanto gasta por mês e com o quê exatamente? Consegue guardar uma parte do que ganha para momentos emergenciais ou projetos pessoais? Fica tranquila quando pensa nas suas reservas financeiras? Grande parte dos brasileiros responderia “não” para as perguntas acima. Se você faz parte deste grupo, é hora de rever seus hábitos.

De acordo com Marcos Guglielmi, empresário e coach da ActionCOACH, empresa de coaching empresarial, no primeiro trimestre de 2017, quase 40% da população adulta do país estava inadimplente, segundo o SPC. Os níveis mais altos de inadimplência recaem na faixa etária de 30 a 39 anos (50,12%). Um futuro tranquilo começa com um bom planejamento financeiro HOJE. Por isso, conversamos com Marcos sobre o perfil dos brasileiros dentro deste tema e como podemos melhorar nosso dia a dia quando o assunto é dinheiro.

Wickbold: De forma geral, como os brasileiros costumam lidar com dinheiro?
Marcos Guglielmi:
Os brasileiros, independentemente do período, lidam mal com o dinheiro. Normalmente não guardam dinheiro nem controlam suas contas. As pessoas pouco se previnem quando estão empregadas ou com entrada de fluxo de dinheiro normalmente. Não guardam qualquer quantia mais relevante para quando for necessário ou para realizar projetos pessoais. Em épocas piores da economia, acabam ficando inadimplentes. No primeiro trimestre de 2017, quase 40% da população adulta do país estava inadimplente, segundo o SPC. Os níveis mais altos de inadimplência recaem na faixa etária de 30 a 39 anos (50,12%). No início de 2017, uma pesquisa do SPC mostrou que apenas 7% da população costuma reservar um valor fixo para guardar o que ganha. Isso mostra a falta do hábito de poupar. Também se constatou que 61% da população, quando poupa, usa a poupança como forma de guardar dinheiro, sendo que essa forma é
uma das que menos rende, mostrando a falta de conhecimento sobre o assunto.

 

W: Qual o papel da educação financeira na vida das pessoas? Ela deve acontecer desde cedo, na infância? 
MG: A educação financeira é muito importante para criar bons hábitos relacionados ao dinheiro que serão aplicados para toda a vida. É importantíssima a criação de comportamentos conscientes e saudáveis de como poupar, doar, desfrutar, investir, entre outros tantos que serão usados no nosso dia a dia. Isso deveria ocorrer desde muito cedo, ainda com 2 ou 3 anos, por exemplo. O simples ato de colocar moedas em um cofrinho todos os meses faz com que a criança forme no seu cérebro o valor consciente de poupar e investir, por exemplo. Assim, trabalhar nosso cérebro desde muito cedo é primordial para poder ter no futuro os hábitos que levarão a uma boa forma de lidar com o dinheiro.

 

W: Quais os prejuízos emocionais que sofremos ao lidar com o dinheiro da forma errada?

MG: Podem ocorrer stress, depressão, raiva excessiva, entre outros. Isso muitas vezes se deve à falta de uma forma madura e consciente de como tratar as causas que levam à falta ou até ao excesso de dinheiro. Uma forma clássica relacionada a isso é quando alguém se torna empresário e, ao longo do tempo, tem dificuldades de gerar riqueza, seja para a empresa ou para si mesmo. Essa dificuldade muitas vezes está ligada às crenças sobre o dinheiro e não necessariamente à falta de conhecimento em gestão. Na verdade, as crenças “ruins” sobre o dinheiro levam a lidar mal com as ferramentas de gestão. Os prejuízos normalmente são financeiros e emocionais.

 

W: Quais são os deslizes mais comuns que cometemos em relação ao dinheiro?
MG:
Alguns deslizes clássicos são:

·      Gastar tudo o que se ganha e só depois pensar em poupar;

·      Ao contrário do item acima, apenas pensar em poupar e não usar nada para o próprio bem-estar;

·      Não ter qualquer conhecimento básico sobre como investir;

·      Não ter ideia de quais são seus próprios gastos.

 

W: Como ter uma vida financeira mais saudável?
MG:

  1. Trabalhe mais seu comportamento e menos o seu dinheiro. Comportamento é causa e dinheiro é consequência. Se trabalhar bem o primeiro, o segundo virá naturalmente;
  2. Tenha objetivos atingíveis e que sejam importantes no curto, médio e longo prazos. Coloque valores e prazos para esses objetivos;
  3. Determine uma porcentagem do que ganha para poupar. O ideal seria 10%, mas se não consegue isso, comece com 5% e vá encontrando meios para aumentar esta porcentagem. O ideal é que, logo depois de receber, você guarde a porcentagem determinada e depois entre nos gastos;
  4. Tenha um controle de receitas e despesas. Você pode usar aplicativos para isso;
  5. Entenda um mínimo sobre investimentos financeiros e sobre o seu perfil como investidor. Você não precisa ser um expert, mas precisa saber pelo menos quanto renderá o seu dinheiro e quais os custos envolvidos nos investimentos;
  6. Faça um planejamento sobre investimentos, gastos, projetos, etc…. Tenha uma previsão de quanto vai gastar, ganhar, poupar e doar;
  7. Não pense apenas em você. Doe uma parte do seu dinheiro, nem que tenha de ser apenas as moedas do final do mês. Você vai atrair pessoas melhores assim;
  8. Guarde dinheiro para emergências e evite o radicalismo. Investir no seu próprio bem-estar é tão importante quanto economizar para o seu futuro e projetos. Só é preciso saber o quanto colocará em cada balança.

Se você tem outra dica especial para lidar bem com as finanças no dia a dia, conte para a gente!

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