Crianças e telas: saiba os cuidados que devem ser tomados no acesso dos pequenos a aparelhos eletrônicos
Uso desregulado de mídias interativas e exposição às telas podem impactar o desenvolvimento físico e psicológico do público jovem e infantil. Estar alerta aos excessos é fundamental
A tecnologia faz parte do nosso cotidiano e é praticamente impossível sobreviver sem ela atualmente. Vivemos em um mundo totalmente dominado pelos smarthphones, computadores, e outros dispositivos eletrônicos, o que faz com que as novas gerações praticamente já nasçam conectadas. Mas apesar da alta capacidade dos pequenos de acompanhar a revolução tecnológica e aprender a mexer nos aparelhos com muita facilidade, é saudável para as crianças e adolescentes terem contato com as telas tão cedo e com muita frequência?
Para a neuropsicóloga Carla Guth fazer uso da internet não necessariamente desenvolverá algum tipo de patologia na criança ou no adolescente. Ela alerta, no entanto, que o uso excessivo e desregulado, aliado a outros fatores, pode sim vir a ocasionar algum problema que os leve a alguma alteração de comportamento no futuro.
Segundo a Academia Americana de Pediatria, a recomendação para o uso de mídias interativas, entre 6 e 18 anos, é de até 2 horas diárias. No entanto, um levantamento feito em 2021 pela Mobile, agência focada em análise de mercado, indica que o tempo médio dos brasileiros em aplicativos de celular é de 5,4 horas diárias, um indicador que coloca o país no topo deste ranking.
Em um ambiente onde se consome tanto conteúdo por meio de aparelhos eletrônicos, é natural que as crianças sigam o exemplo dos pais e parentes próximos e queiram acessar esses dispositivos, assim como antigamente as crianças eram fascinadas pelo telefone fixo e pelos televisores, por exemplo. Porém, a neuropsicóloga alerta para possíveis efeitos negativos que o uso sem limites das telas pode ocasionar neste público.
“Associado ao acesso desregulado das mídias interativas e exposição às telas, há um conjunto de comprometimentos físicos, como insônia, desnutrição, obesidade, falta de atividades físicas e sedentarismo, fadiga visual, transtornos por lesão repetitiva, síndrome do túnel do carpo e dores nas costas, além dos sintomas psicológicos, como ansiedade, depressão, transtornos de humor e baixa autoestima e sociais, que podem se manifestar em forma de isolamento, hostilidade, falta de formação de vínculos, baixo desempenho acadêmico e profissional”, afirma Guth.
Para ajudar a lidar com o desafio de educar crianças e adolescentes em um mundo conectado 24 horas por dia, a doutora Carla enumerou algumas dicas para orientar pais e responsáveis em relação ao tema, de forma a contribuir para minimizar as consequências negativas das telas, sejam físicas ou psicológicas, para o desenvolvimento dos pequenos. Confira:
- O uso de telas duas horas antes de dormir pode prejudicar o sono e o descanso, por isso, o acesso aos aparelhos nesse período deve ser evitado;
- Os eletrônicos devem preferencialmente ficar de fora do momento das refeições para evitar distrações e não atrapalhar a integração familiar;
- Fique atento a alguns sinais: aumento da irritabilidade, violência, transtornos do sono, sedentarismo, ansiedade, piora da postura, queda no rendimento escolar e não cumprimento das tarefas de casa e da escola são alguns exemplos de comportamentos que podem estar associados ao uso excessivo das telas e que precisam ser melhor investigados e acompanhados;
- É fundamental também os pais considerarem a importância do exemplo que dão aos pequenos. De nada adianta falar para os filhos não exagerarem no tempo de uso dos eletrônicos se eles, na prática, não agem dessa mesma forma;
- Diálogo e negociação são palavras-chave para estabelecer regras e limites. É importante seguir o tempo de exposição ideal às telas recomendado para cada faixa etária.
– Crianças até 2 anos: zero acesso às telas!
– Crianças até 5 anos: 1 hora
– Maiores de 5 anos: 2 horas
Vale o reforço também de que, mesmo com tempo acordado e determinado, a supervisão dos responsáveis no acesso das crianças às telas é muito importante, para que elas não fiquem expostas aos perigos da internet, como pessoal mal-intencionadas, por exemplo. Além disso, menores de seis anos não sabem ainda a distinguir realidade de fantasia e, portanto, precisam de vigilância e orientação ainda maior em relação ao conteúdo com o qual são impactados.