No Brasil, a doença atinge cerca de 7,5% da população adulta do país, sendo, portanto, a versão mais comum do diabetes. Ela está ligada a má alimentação e falta de exercícios físicos

Silencioso, com sintomas que costumam aparecer quando já avançou demais. Esse é o Diabetes Tipo 2, uma enfermidade metabólica que tem como causa principal a resistência à ação da insulina – hormônio responsável por regular a entrada da glicose nas células.  

“Essa situação é conhecida como síndrome de resistência à insulina. Como não consegue entrar nas células, a glicose vai ficar acumulada no sangue resultando em alto índice de glicemia, que vai ser responsável pelo aparecimento da doença”, explica o Dr. Almino Cardoso Ramos, cirurgião metabólico da Gastro Obeso Center. 

Ele vai se apresentando de maneira gradativa, por isso é mais comum em adultos com mais de 40 anos de idade, que tenham hábitos inadequados que resultam no sobrepeso, obesidade, gorduras no sangue e hipertensão. Já o Diabetes Tipo 1 é genético ou autoimune, é definido por pouca ou nenhuma produção de insulina, ou seja, o organismo perde sua capacidade de metabolizar a glicose (açúcar). Por isso, surge normalmente em crianças, adolescentes ou jovens adultos.  

“O Diabetes Tipo 2 é a forma mais comum da doença: são mais de 530 milhões de pessoas com a enfermidade no mundo. No Brasil, ele atinge cerca de 7,5% da população adulta ou cerca de 12 milhões de brasileiros.”
Dr. Almino Cardoso Ramos, cirurgião metabólico da Gastro Obeso Center

Os alertas do começo: fatores de risco

O desenvolvimento do Diabetes está associado ao sobrepeso ou à obesidade. Contudo, existem outros fatores de risco que merecem atenção. São eles: acúmulo de gordura abdominal, conhecida por gordura visceral; idade acima de 45 anos; sedentarismo; doenças associadas como apneia do sono; hipertensão; síndrome do ovário policístico; presença de histórico de pré-diabetes e diabetes gestacional; e dieta com excesso de carboidratos e gorduras.

Nesse cenário, quem deseja evitar a doença já deve eliminar práticas ruins da rotina. “O mais importante é abandonar os gatilhos da doença. Por isso, mantenha hábitos saudáveis com boa alimentação, atividade física regular e peso dentro da faixa adequada”, enumera o médico.

Diabetes tipo 2: como confirmar o diagnóstico

Dr. Almino conta que é necessário ficar atento aos sintomas como sede excessiva e constante, boca seca o tempo todo, vontade de urinar em grandes quantidades a toda hora, perda de peso sem razão, formigamento frequentes em pernas e pés, feridas que demoram a cicatrizar e cansaço crônico. 

O recomendado é marcar uma consulta com um médico, para que ele peça exames, normalmente de sangue, que comprovem o aumento da glicemia. Com duas amostras sanguíneas, pode-se confirmar o diagnóstico da doença ou de um possível cenário pré-diabetes com alto risco de Diabetes Tipos 2 no futuro, se não tiver o tratamento adequado. Em caso de dúvida, pode-se recorrer ao teste oral de tolerância à glicose.

Como é feita a medição da glicemia? 

Segundo o médico, existem várias formas de medir a glicemia: por exames de sangue em laboratórios; de forma fácil e segura pelos monitores de uso domiciliar; e novos aparelhos. “Hoje existem tecnologias que permitem o acompanhamento quase em tempo real pelo uso de sensores, em geral instalados no braço, que enviam dados para um programa de acompanhamento no celular”, explica.

Consequências para o coração

A longo prazo, a glicemia elevada pode causar sérios danos ao organismo. “As principais consequências estão relacionadas ao aumento do risco cardiovascular com possibilidades de problemas cardíacos, como infarto, lesões vasculares como tromboses e embolia com danos vasculares, além da possibilidade de perda da visão, insuficiência renal, amputações, acidente vascular cerebral e disfunção eréctil”, afirma Dr. Almino.

Tratamento: estilo de vida, medicamentos e insulina

O número de pessoas diagnosticadas não para de crescer. No mundo, a tendência é a mesma. Por isso, a medicina não para de buscar tratamentos mais eficazes para combater a doença. O primeiro passo do paciente deve ser adotar um estilo de vida com atividade física regular, perda de peso e boa alimentação, na qual carboidratos e, principalmente, doces ricos em açúcar devem ser evitados e substituídos por produtos Diets.

Os medicamentos também são indicados para controlar a doença, já que têm diferentes mecanismos de atuação. “O tratamento medicamentoso inicial é baseado no uso de antidiabéticos orais. Eles são de diversas classes, que vão ajudar no controle da glicemia. Se um deles não fizer o controle, o passo seguinte será o da associação de drogas. Um dos medicamentos mais utilizados é a metformina, que ajuda a vencer a resistência periférica à insulina. Outros remédios vão fazer estímulo direto do pâncreas na produção desse hormônio e até mesmo aumentar a eliminação renal de glicose”, analisa o cirurgião metabólico.

Em casos extremos, o médico pode solicitar o uso da insulina. Isso acontece, normalmente, quando não se atinge o efeito desejado apesar de todo o tratamento com melhora do estilo de vida e medicamentos.

O tratamento está funcionando?

Segundo o Dr. Almino, consegue-se saber se o tratamento está surtindo efeito ao verificar uma melhora da sintomatologia (estudo e interpretação do conjunto de sinais observados no exame de um paciente) e se a dosagem da glicemia está dentro da faixa normal. 

“A glicemia traduz muito mais uma situação do momento. Em um instante, ela está normal, mas isso pode ter pouco valor se, no momento seguinte, ela subir para 250 mg/dl. Por isso, há um segundo exame chamado de hemoglobina glicosilada, que permite uma análise mais apurada, com informações de como tem sido o controle da glicemia nos últimos 3 meses”, finaliza Dr. Almino. 

A maior dica é: cuide-se!

Cuide da sua saúde mantendo uma alimentação equilibrada, com acompanhamento de nutricionistas e médicos. Faça check-up, beba bastante água e insira atividades físicas na rotina. Com hábitos bons e saudáveis, fica mais fácil prevenir doenças.

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