Além do sofrimento, um cachorro estressado está sujeito a problemas de saúde. Saiba como ajudar o seu melhor amigo.

Você sabia que os cães também podem ficar estressados? E que eles têm mais chances de ficarem doentes? Assim como acontece com os seres humanos, os sintomas de estresse podem refletir diretamente na saúde do bichinho de estimação. 

Por isso, é importante que o cuidador seja atencioso para perceber as causas desse estresse, que pode acontecer por diversos motivos. “Muitas vezes sair da rotina e não fazer atividade física contribuem para esse quadro, assim como a falta de estimulação mental e cognitiva, os ruídos altos, a solidão e até mesmo se o cão fica somente no quintal”, explica Eduardo Paula Mattos, médico veterinário.

Segundo o doutor, além dessas causas, é importante observar os sintomas: irritabilidade, ansiedade, lambedura de mãos e pés, hiperatividade, salivação, estar ofegante em excesso, queda de pelo, tremores e latidos a mais do que o habitual. 

O problema é que alguns desses sintomas podem afetar a convivência do animal com a família. Por isso, vale reforçar o papel do cuidador nesse processo de descoberta e cura do problema. É necessário que ele seja paciente e atencioso para acolher emocionalmente esse cãozinho e ajudá-lo a enfrentar o problema, que muitas vezes pode ter consequências na saúde.

PROBLEMAS DE SAÚDE

Um cachorro estressado está mais suscetível a sofrer com problemas de saúde. “Com o estresse, ele libera mais adrenalina, que pode ter como consequência pressão arterial alta, taquicardia e cardiomiopatias associadas”, conta o doutor Eduardo.  

Aliás, essa liberação de adrenalina é a responsável por aumentar tanto a frequência cardíaca quanto a respiratória, deixando o corpo em estado de alerta. O problema disso é quando o organismo entende que está sob ameaça na maior parte do tempo, mesmo na rotina e em um lar tranquilo. É o estresse crônico.

“A liberação de adrenalina tem diferentes ações no organismo e acontece em situações de estresse e excitação, basicamente com ação de luta ou fuga”, conta o médico veterinário. “Sendo assim, ela pode atuar em diferentes alvos, como: coração, com a taquicardia; músculo esquelético, com os tremores e outros; tecido adiposo, por meio da eliminação de gordura; e fígado, com o aumento de atividade metabólica”, complementa.

ESTRESSE X TÉDIO X ANSIEDADE

Mas, como saber se de fato o cachorrinho sofre de estresse? Afinal, mesmo nos seres humanos, é comum que diversas pessoas confundam essa reação natural do organismo com o tédio ou a ansiedade. 

“Não existe uma definição específica, porém o cão entediado tende a ser destruidor, ou seja, as atitudes são roer, arranhar e destruir as coisas do ambiente. Ele quer brincar, atenção e passear”, exemplifica Dr. Eduardo. 

Enquanto isso, no caso da ansiedade, a ausência e distanciamento geram insegurança, como, por exemplo, no pós-pandemia, em que houve uma grande mudança: o tutor passava grande parte do tempo em casa, mas voltou ao local de trabalho. “Para tentar prevenir esse tipo de sensação, evite ficar muito tempo com o animal no colo acariciando. Retorne à rotina de horários para alimentação, passeio, brincadeiras e, aos poucos, tudo volta ao normal”, orienta.

Ainda segundo ele, já o estresse pode se manifestar de várias formas, como: um cachorrinho mais agitado e impaciente; ou que pode ficar mais apático e dormindo além do comum. Aqui vale uma dica importante: é preciso tomar cuidado para que não vire depressão.

Seja qual for a situação do cãozinho, o médico veterinário diz que vale a pena investir no enriquecimento ambiental para contribuir com o bem-estar do animal, seja físico ou psicológico. O objetivo é proporcionar estímulos que aumentem a qualidade de vida do pet, com mais acesso a desafios e diversão, para que ele gaste energia e se mantenha entretido.

DICAS PARA RELAXAR OS CÃES

Dr. Eduardo enumera outras dicas para relaxar o cãozinho:

  1. Criar uma rotina para o cão;
  2. Sair para passear com mais frequência;
  3. Fazer brincadeiras que o fazem pensar;
  4. Socializar com outros cães;
  5. Fazer enriquecimento ambiental em casa;
  6. Caso necessário, solicite um profissional comportamentalista.

TRATAMENTO

Além das dicas de relaxamento, pode-se usar calmantes a base de medicação natural, produtos que liberam o hormônio cortisol ou os alopáticos, que servem como ansiolítico e até mesmo antidepressivos. “Todas as alternativas contribuem para lidar melhor com as situações intensas do dia a dia. Enquanto alguns têm resultados imediatos com homeopatia, outros precisam de ansiolítico ou antidepressivo. Cada caso, é um caso”, explica o doutor. 

Por isso, é de extrema importância pedir orientação ao médico veterinário de confiança da família.

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