O que provoca o bruxismo?

Condição, que é caracterizada por alguém que range os dentes, pode se agravar em meio a dificuldades emocionais e estresse. Saiba mais
Se uma pessoa já acordou com dor de cabeça, desconforto muscular na mandíbula, dentes quebrados ou com dificuldade de abrir a boca, pode estar sofrendo de bruxismo. Essa condição tem como característica o apertar, deslizar, ranger ou bater dos dentes de forma involuntária, principalmente durante o sono.
Dentre as causas, o estresse e o nervosismo estão no topo da lista. É o que mostra um estudo feito na época da pandemia pela Universidade Federal de Alfenas (Unifal), Minas Gerais, e pelo Instituto Neurológico de Curitiba (INC), divulgado no Brazilian Journal of Pain. Segundo a publicação, os casos associados a fatores psicológicos foram prevalentes nos primeiros meses de disseminação da Covid-19.
Sintomas do Bruxismo
A pesquisa mostrou que 76% dos participantes apresentaram o início ou piora de sintomas, como apertar e ranger os dentes, naquela época em que estavam sofrendo com maiores níveis de estresse e nervosismo. Já sobre os sintomas físicos, os entrevistados disseram que sentiram dor de cabeça, sons de clique na articulação da boca, dor no ouvido e fadiga mandibular.
“Quem sofre com o problema, muitas vezes, só descobre na consulta odontológica. Em alguns casos, as consequências já são graves, como o desgaste dental avançado e a exposição da dentina, perda do esmalte, quebra do dente, problemas funcionais, deformação estética da face, além de dores na articulação mandibular, no pescoço e de cabeça”, reforça Sidnei Goldmann, cirurgião-dentista, especializado em estética bucal e implantes dentários.
Ainda segundo o especialista, durante o sono, os músculos da mastigação podem ser movidos por até 12 mil vezes, momento em que o paciente aperta e range os dentes.
Fatores psicológicos
Como o bruxismo pode piorar em momentos de ansiedade ou tensão, um acompanhamento psicológico pode ser uma ajuda extra ao tratamento. O objetivo é que o paciente consiga lidar melhor com frustações pessoais ou época complicadas, que exijam muito do emocional, como aconteceu na pandemia, por exemplo.
“Se a pessoa não sabe que tem o distúrbio, algumas características comportamentais podem ajudar a identificar a tendência. Normalmente, é aquela mais quieta e tímida, que se torna introvertida quando enfrenta problemas. Não tem resposta rápida para solucioná-los”, analisa.
“É comum que descarregue a energia emocional acumulada e o estresse na mastigação. No entanto, existem outros fatores que podem desencadear o bruxismo. Por esse motivo, devemos identificar a causa para potencializar o tratamento”, complementa.
Por ser um caso multidisciplinar, além do cirurgião-dentista e do psicólogo, outros profissionais que fazem parte do processo de tratamento são: fisioterapeutas, nutricionistas, psiquiatras, otorrinolaringologistas e fonoaudiólogos. Vale lembrar que esse acompanhamento mútuo é importante, pois os casos de bruxismo possuem interferência biológica, psicológica e social.
Tratamento
Além do acompanhamento multidisciplinar, existem outros passos importantes para tratar a condição. “O uso de placa reprogramadora ou aparelho de bruxismo para a proteção cessa o ranger dos dentes quando é usada durante a noite. Esses equipamentos são moldados a partir da arcada dentária do paciente, que deve usá-lo durante o sono”, conta o cirurgião-dentista.
Mas, segundo ele, se necessário, a pessoa deve fazer uso também durante o dia, já que o movimento de apertar os dentes é involuntário. “Durante as horas de trabalho, a pessoa pode travar o maxilar sem perceber, por tensão ou nervosismo”, explica. Além disso, nos casos mais agressivos, deve-se iniciar procurar um especialista para fazer a recuperação dental.
“Eu ainda recomendo, além do tratamento dentário, a prática de alguma atividade calmante antes de ir dormir, como a ioga ou o alongamento. Esses novos hábitos ajudarão o paciente a ter um sono mais tranquilo e a relaxar”, diz o cirurgião-dentista.
Bruxismo infantil
E não é somente o público adulto que sofre com essa condição. Isso porque a mandíbula passa por uma fase de instabilidade, que precisa se ajustar com o processo de crescimento da criança. Então, pode ser que nesse período o pequeno tenha problemas com o ranger de dentes. Se depois dos três anos, o problema persistir o indicado é consultar o dentista, que é o responsável por fazer uma avaliação mais assertiva. Aliás, é esse mesmo profissional que pode verificar como está a musculatura bucal.
De qualquer forma, os pais ou responsáveis devem ficar atentos as causas de bruxismo infantil: sono ruim, muitas vezes devido à exposição excessiva a telas; problemas respiratórios, como rinite, ronco, entre outros; estresse e ansiedade, que podem ser originários de bullying na escola; e ingestão de alimentos que aceleram, como o chocolate.