Fique ligado: conheça os sintomas de intolerância à lactose em bebês
Como saber se o leite está fazendo mal para o bebê? Hoje vamos responder essas e outras perguntas sobre um assunto de extrema importância no universo da saúde e da maternidade
O assunto de hoje é uma das maiores preocupações do universo da maternidade: a intolerância à lactose em bebês. Afinal, quando essa condição afeta os pequenos, pode causar desconforto e alguns sintomas bem incômodos para a criança.
Por isso, se depois das mamadas você percebeu que o pequeno está incomodado ou com dor, marque uma consulta com seu pediatra de confiança. Enquanto isso, vamos juntos entender os outros sintomas de intolerância à lactose em bebês, para te ajudar a ficar ainda mais atento aos sinais que o corpo do seu pequeno dá.
O que é intolerância à lactose?
Primeiro, é necessário entender o que é a intolerância à lactose. Para resumir, o que acontece é que o bebê produz pouca ou nenhuma lactase. Essa enzima é a responsável por quebrar a lactose (carboidrato – “açúcar” do leite) em açúcares mais simples, possibilitando que eles sejam absorvidos e utilizados pelo corpo como fonte de energia. Então, com menos lactase, o bebê não faz essa quebra de forma adequada.
“A intolerância à lactose significa que há diminuição na atividade da lactase, portanto, a lactose que não foi digerida permanece no intestino, atrai água e chega ao intestino grosso (colón). Lá há bactérias que transformam a enzima em gases e ácidos, causando os sintomas da intolerância à lactose”, ensina Dra. Luiza Martins Salvador, pediatra e gastroenterologista pediatra.
Na maioria dos casos, ela pode ser causada temporariamente por uma lesão no intestino, como infecção intestinal, uso de medicações e doenças inflamatórias. Outra possibilidade é que ela pode ocorrer devido a uma predisposição genética e piorar progressivamente após certa idade.
Conheça os 4 tipos existentes de intolerância à lactose
Mas, você sabia que existem quatro tipos de intolerância à lactose? Pois é! E cada um deles têm a sua própria origem, mostrando assim que as pessoas podem vivenciar de diferentes formas esse desconforto.
Diante disso, conhecer quais tipos existem é essencial para entender melhor o organismo da criança e como você pode ajudar a proporcionar uma qualidade de vida melhor. Veja as descrições enviadas pela Dra. Luiza:
- Deficiência primaria da lactase: hipolactasia do “tipo adulto” – No Brasil, estima-se que 40% da população passa por isso, ou seja, é a forma mais conhecida. Nela, ocorre redução natural da atividade da enzima lactase com o passar da idade em pessoas com predisposição genética. Geralmente, começa após os três ou cinco anos de idade, sendo que a maioria dos pacientes manifesta os primeiros sintomas na adolescência ou quando adulto.
- Deficiência congênita de lactase: doença genética muito rara, em que o bebê nasce com a deficiência da enzima e não é capaz de digerir o leite materno, causando vômitos intensos e desidratação nas primeiras 48h de vida. Precisa ser rapidamente diagnosticada para que o pequeno se alimente com fórmula infantil sem lactose.
- Deficiência relativa de lactase do prematuro: ocorre basicamente devido a imaturidade do intestino nessa fase e, se não houver outros fatores, depois melhora.
- Deficiência secundaria da lactase: mais frequente, é passageira e acontece após a lesão da mucosa intestinal. Por exemplo, após uma infecção intestinal, parasitose, alergia à proteína do leite de vaca, doenças inflamatórias intestinais ou uso de medicações/antibióticos. Depois de controlados esses fatores, a enzima retorna ao normal.
Intolerância à lactose X Alergia à proteína do leite
Mas, e a alergia? Antes de entender mais sobre os sinais de intolerância à lactose, é importante citar que, realmente, ela é muito confundida com a alergia à proteína do leite de vaca (APLV). Só que, apesar de ambas envolverem o mesmo alimento e terem sintomas semelhantes, são condições completamente diferentes.
“A alergia é uma reação imunológica do nosso sistema de defesa contra as proteínas, no caso do leite as principais são: caseína, alfa-lactoalbumina e beta-lactoglobulina. Como a lactose é um açúcar do leite e não uma proteína, a alergia à lactose não existe”, conta a Dra. Luiza.
Então, se você perceber sintomas como vermelhidão, coceira na pele, vômitos fortes e diarreia, logo após as mamadas dos pequenos, pode ser um caso alérgico. Procure um pediatra de confiança para ter o diagnóstico correto e iniciar o melhor tratamento para as crianças.
Sinais e sintomas de intolerância à lactose em bebês
Bom… Depois que você entendeu o que é esse desconforto e como ele se diferencia de um quadro alérgico, chegou a hora de – finalmente – entender mais sobre os sintomas de intolerância à lactose em bebês.
“Os sintomas dependem do quão a criança ingeriu. Por vezes, pequenas quantidades são bem toleradas pelo organismo, mas – ao aumentar a lactose presente no alimento – aparecem os sinais em minutos ou horas após a ingestão”, afirma a gastroenterologista pediatra.
Ainda segundo Dra. Luiza é melhor ficar de olho nos seguintes sinais de intolerância à lactose: dor de barriga; cólicas; excesso de gases (flatulência); distensão (barriga estufada); borborigmo (ruídos na barriga); diarreias líquidas ou semilíquidas, por vezes, “explosivas” e ácidas; e dermatite perineal.
Como saber se o leite está fazendo mal para o bebê?
Diante de sintomas tão comuns, como saber se realmente é o leite que está fazendo mal para o bebê? Em primeiro lugar, tenha em mente que há muitos boatos sobre ele ser um vilão na alimentação, então, muitos responsáveis tendem a achar que desconfortos intestinais vem daí. Mas, segundo a Doutora, na verdade, ele é rico nutricionalmente e principal fonte de cálcio para todas as idades.
Além disso, geralmente, nos bebês, há falta de informação também sobre o funcionamento do intestino, principalmente, até os três meses, período em que eles costumam ter mais gases, cólica e regurgitações. É importante lembrar que essas questões fazem parte do desenvolvimento normal do pequeno e podem ser prevenidos com medidas simples como: posição após a mamada, massagem na barriga e compressas mornas.
“A falta de incentivo ao aleitamento materno e o uso precoce de fórmulas infantis inadequadas ou em quantidades elevadas também podem ser a causa de desconforto em bebês”, afirma Dra. Luiza.
De acordo com ela, os verdadeiros sinais de alerta para se preocupar são: recusa das mamadas, vômitos em excesso, desidratação, cólicas intensas, dificuldade em ganhar peso e assaduras importantes que não melhoram. Além, é claro, dos que foram citados anteriormente.
Por isso, o acompanhamento de um bom pediatra de rotina é extremamente importante desde o pré-Natal e, caso o pequeno apresente algum desses sinais, a consulta com o gastroenterologista pediátrico também é necessária.
Diagnóstico de intolerância à lactose em bebês e crianças
Então, a sua próxima pergunta deve ser: “como o diagnóstico é feito?”. Ele, normalmente, é clínico, ou seja, o paciente tem sintomas característicos após ingestão de leite e derivados. O médico orienta uma dieta sem lactose para observar se há melhora dos sintomas e depois reintroduz a lactose, para verificar se acontece o retorno dos sinais.
Em casos específicos, existem outros exames como: teste respiratório do hidrogênio expirado; teste não invasivo que avalia a absorção dos carboidratos (exige um preparo muito correto e após o exame o paciente pode apresentar desconforto); curva de tolerância oral a lactose (é invasivo); e testes genéticos, que são feitos via coleta de exame de sangue para determinar a predisposição, mas não a doença em si.
Tratamento para intolerância à lactose em bebês e crianças
Nesse caso, o processo de tratamento é parecido com o de diagnóstico. O médico começa com a retirada da lactose da dieta e substitui o leite e os derivados por produtos sem lactose ou vegetais. Há também a possibilidade do uso da enzima lactase em comprimido ou sachê – em casos específicos.
“O cuidado com a lactose vale somente para os pacientes que tem o diagnóstico de intolerância, que seria evitar o excesso de produtos lácteos e preferir os produtos fermentados como os iogurtes naturais. Ou ainda utilizar os produtos zero lactose. Lembrando da importância da fonte de cálcio na nossa dieta”, afirma a pediatra.
No caso de bebês, existem fórmulas infantis sem lactose e, após 1 ano de idade, conforme indicação do pediatra, pode ser possível ingerir o leite de vaca sem lactose (em pó ou UHT), além dos derivados como iogurtes e queijos sem lactose.
Por fim!
É importante lembrar de que um bom acompanhamento profissional faz toda a diferença para que a criança tenha acesso a dieta correta e necessária. Os cardápios para as crianças, por exemplo, devem ser cuidadosamente elaborados pela nutricionista infantil. Afinal, como diz a Dra. Luiza: nossa alimentação está intimamente ligada à nossa saúde e precisa ser tratada com cuidado e atenção.