Chamado de segundo cérebro por muitos pesquisadores, o intestino atua diretamente na absorção de nutrientes e tem participação direta no nosso humor e até na imunidade

Como anda a sua saúde intestinal? A pergunta pode parecer estranha à primeira vista, mas ficar atento ao bom funcionamento do órgão é decisivo para a saúde. Isso porque o intestino é responsável pela absorção de todos os nutrientes de que o corpo necessita. Lá também é o local onde 90% da serotonina — neurotransmissor responsável pela sensação de bem-estar — é produzida. O que significa que ter um intestino funcionando a todo o vapor melhora até o humor. E mais: os microrganismos que compõem a microbiota do órgão desempenham um papel importante no sistema imunológico, já que, além de sua ação protetora contra a entrada de corpos estranhos, o intestino possui grande parte das imunoglobulinas, que são as células de defesa do organismo.

“Um intestino que funciona de forma regular garante ao indivíduo uma boa absorção de nutrientes, eliminação de toxinas e, principalmente, equilíbrio de microrganismos saudáveis no órgão. Esse equilíbrio é atingido com o consumo ideal de fibras provenientes de alimentos integrais, frutas, verduras, grãos e água, que irão contribuir para que ele possa desempenhar o seu papel de maneira eficaz”, diz Carolina Padilha, nutricionista clínica e esportiva, de São Paulo (SP).

Segundo cérebro

É assim que muitos pesquisadores chamam o intestino. Esse título deve-se ao fato de o órgão agregar a maior quantidade de neurônios fora do cérebro ― são 500 milhões de neurônios ―, além de produzir mais de 30 tipos de neurotransmissores, como a serotonina, já citada, e mais 50% de toda a dopamina presente no corpo. O órgão abriga uma população de trilhões de microrganismos, que compõem a microbiota intestinal humana, e a sua composição pode fazer a diferença na saúde.

“Por meio do intestino, comandamos inúmeras funções do nosso organismo: hormonal, neuronal, imunológica e nutricional. Esses seres microscópicos que habitam o órgão também foram classificados como o segundo genoma humano e, de acordo com uma pesquisa publicada na revista Nature Communications, a microbiota tem papel fundamental na nossa saúde. Em outras palavras: a grande quantidade de bactérias intestinais pode alterar os genes de maneira positiva ou negativa, dependendo da combinação”, comenta Carolina.

O papel das fibras

Segundo a nutricionista, manter um cardápio recheado de alimentos ricos em fibras é importante não só para a melhoria do trânsito intestinal, como para as bactérias benéficas que habitam o órgão. Isso porque as fibras servem de alimento para esses microrganismos do bem e ajudam a oferecer um ambiente favorável para que eles possam se desenvolver. 

Existem dois tipos de fibras: as solúveis e as insolúveis. O primeiro tipo absorve a água e forma uma espécie de gel, proporcionando sensação de saciedade. As fibras solúveis reduzem o tempo do alimento no trato digestivo, melhorando o sistema de eliminação, e têm a capacidade de aumentar a proliferação de bactérias benéficas no intestino, tornando a microbiota intestinal mais saudável. Entre os alimentos ricos em fibras solúveis, estão a aveia, a maçã com casca, a laranja com bagaço, a lentilha e o feijão. 

Já as fibras insolúveis não interagem com a água e permanecem intactas durante toda a digestão. Sua função é aumentar o bolo fecal, melhorar o trânsito intestinal e estimular o movimento do intestino. Esse tipo de fibra reduz o risco de câncer no intestino, por auxiliar a eliminação de toxinas e subprodutos do metabolismo, que são tóxicos ao organismo e, se não eliminados, podem causar graves problemas de saúde. Podem ser encontradas em cascas de frutas, verduras folhosas, cereais integrais, farelo de trigo, feijão, soja e ervilha.

Outros aliados

Com ajustes simples na rotina é possível potencializar o funcionamento do intestino. A nutricionista Carolina Padilha preparou algumas dicas:

1. Beba pelo menos 2 litros de água por dia

O líquido atua como uma espécie de lubrificante para o órgão e ajuda o bolo fecal a passar sem lesar a mucosa.

2. Fracione as refeições

Além de mastigar bem os alimentos consumidos, dividir a alimentação ao longo do dia promove o movimento dos resíduos pelo cólon e pelo reto.

3. Invista em frutas e legumes

O ideal é que você consuma, pelo menos, um prato (sobremesa) de legumes no almoço e no jantar e coma duas frutas diferentes por dia ― mamão, ameixa e laranja com bagaço, são boas opções.

4. Dê preferência a alimentos integrais

Reduza o consumo de itens refinados e aposte nas versões integrais de pães, macarrão e arroz.

5. Pratique atividade física diariamente

Os exercícios estimulam os movimentos peristálticos do intestino grosso, o que ajuda a expulsar o bolo fecal.

6. Respeite a vontade do seu intestino

Quando a vontade surgir, tente ir ao banheiro o quanto antes. A retenção é extremamente prejudicial. Também é importante ficar atendo às fezes, que devem ser marrons, inteiras (formato de um cilindro), sem odor característico nem restos de comida, mucos ou sangue. A evacuação precisa ser rápida e sem dor. Caso note alguma alteração, procure atendimento médico.

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