Entendendo a compulsão alimentar: causas, sintomas e tratamentos – Wickbold

Explore os fatores que influenciam a compulsão alimentar e descubra caminhos para uma relação saudável com a comida 

Você sabia? Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), 4,7% dos brasileiros sofrem de compulsão alimentar, quase o dobro da média global, que é de 2,6%. Sim! Esse transtorno afeta muitas pessoas e, por isso, precisamos falar sobre o assunto. 

O que é compulsão alimentar? 

Para entender melhor sobre esse tema, conversamos com a psiquiatra Mônica Cereser, que nos concedeu uma visão clara sobre o que caracteriza a compulsão alimentar. Afinal, reconhecer e tratar essa condição é o primeiro passo para viver integralmente, com mais saúde e bem-estar. 

“A compulsão alimentar é um transtorno alimentar que se caracteriza pela ingestão de uma grande quantidade de alimentos, em um curto período, sendo considerada uma doença pelo DSM 5, Manual Estatístico de Doenças Mentais”, explica a especialista.  

Além de causas psicológicas, elas podem ser genéticas, biológicas ou comportamentais. Por exemplo, estresse, ansiedade e baixa autoestima são frequentes gatilhos que podem levar a esse comportamento alimentar descontrolado.  

Diagnóstico: os sinais do transtorno de compulsão alimentar 

É preciso ter um diagnóstico completo que ofereça uma qualidade de vida ao paciente. Nesse sentido, um profissional de saúde considera alguns critérios clínicos específicos. Primeiro, é essencial que a compulsão alimentar ocorra, em média, pelo menos uma vez por semana durante um período de três meses.  

Isso significa que, se você ou alguém que você conhece está passando por episódios frequentes de ingestão descontrolada de alimentos, é importante prestar atenção. Uma das características mais marcantes do transtorno é a sensação de falta de controle em relação à comida, que pode ser extremamente angustiante. 

“Outros sinais incluem comer muito mais rápido do que o normal e sentir-se desconfortavelmente cheio após as refeições. Muitas vezes, as pessoas também podem comer grandes quantidades de alimentos mesmo quando não estão fisicamente com fome. Esse comportamento pode ser acompanhado por uma necessidade de comer sozinho, devido à vergonha, culpa ou sensação de estar deprimido”, conta Dra. Mônica. 

Esses sentimentos podem criar um ciclo vicioso que torna difícil quebrar o padrão de compulsão alimentar. Por isso, eles precisam ser levados a sério e indicam que algo mais profundo está acontecendo.  

Quando se come em excesso, de forma regular e sem controle, é um alerta de que é hora de buscar ajuda e compreender as razões por trás desse comportamento. Esse é o primeiro passo para buscar a ajuda necessária e começar a trilhar um caminho para uma relação mais saudável com a comida. Não hesite em procurar apoio profissional! 

Compulsão alimentar: diferente do que você já conhece 

Como vimos acima, o que marca a compulsão alimentar são os episódios recorrentes do consumo de grande quantidade de alimento e a sensação de perda de controle. E é aí que ela se diferencia de outros transtornos alimentares, como a anorexia e a bulimia. 

“Os episódios de compulsão alimentar não são seguidos por comportamentos compensatórios e inadequados, como a indução de vômito ou uso de laxantes, que é muito comum nas bulímicas”, relata a psiquiatra. 

Ela é marcada pela sensação de falta de controle e é reconhecida como um comportamento que não se limita apenas ao desejo de emagrecer. Por isso, a Dra. Mônica diz que no tratamento da compulsão alimentar usa-se a terapia comportamental ou a interpessoal e, quando necessário, o uso de fármacos.  

Enquanto a anorexia e a bulimia envolvem uma relação complexa com a imagem corporal e a restrição alimentar, a compulsão foca no equilíbrio emocional e na busca por conforto na comida, o que pode resultar em um ciclo vicioso que afeta a saúde física e emocional. 

Consequências: o que acontece a longo prazo? 

Quando se fala em compulsão alimentar, é crucial compreender suas consequências a longo prazo, já que as implicações desse transtorno atingem tanto a saúde emocional quanto física de quem o enfrenta. As implicações são significativas e não devem ser subestimadas. 

“A compulsão alimentar pode levar a consequências emocionais severas, como a intensificação de quadros depressivos e de ansiedade, agravar a baixa autoestima e, no aspecto físico, resultar em problemas como aumento de colesterol, pressão alta, problemas cardiovasculares, diabetes, doenças do fígado e apneia do sono. Também é fundamental lembrar que o impacto social desse transtorno é significativo, gerando sentimento de culpa que pode afetar profundamente as relações interpessoais e afetivas”, afirma Dra. Mônica. 

Como controlar a compulsão alimentar? 

Controlar a compulsão alimentar pode ser um desafio significativo, mas com as orientações corretas, é possível trilhar um caminho de recuperação e autoconhecimento. As dicas abaixo são da psiquiatra Mônica e vão te ajudar a entender melhor como lidar com essa condição. 

1. Explore a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) 

A TCC é uma das abordagens terapêuticas mais eficazes para tratar a compulsão alimentar. Essa terapia ajuda o paciente a entender o mecanismo que leva à compulsão, revelando como os pensamentos geram emoções, que por sua vez resultam em comportamentos. Compreender este ciclo é crucial para modificar a forma de pensar e agir em momentos de angústia e ansiedade. 

2. Envolva a Família no Tratamento 

O apoio familiar é fundamental no processo de recuperação, já que também pode ser o fator mantenedor e causador do próprio problema. Por isso, existem ferramentas que inclui os familiares nesse processo de cuidado do paciente. Atualmente, a family-based treatment (FBT) é considerada “padrão ouro” em inclusão familiar no tratamento dos transtornos alimentares. Outra medida eficaz é a terapia familiar sistêmica, que foca nas mudanças da dinâmica familiar, o que também é importante nesse contexto.  

3. Busque o Autoconhecimento 

Entender o que provoca os gatilhos da compulsão alimentar é um passo importante para o tratamento. Mônica enfatiza a importância do autoconhecimento, que permite não só reconhecer os padrões de comportamento e a necessidade de se alimentar compulsivamente, mas também melhorar a autoestima do paciente e aceitar que cada um tem sua própria forma e características. Essa aceitação é transformadora e pode ajudar a lidar com emoções como a culpa e a solidão para buscar outros recursos além da comer compulsivamente. 

4. Adote Novos Hábitos 

Fazer mudanças de hábito é essencial para controlar a compulsão alimentar. Mônica sugere que, além de buscar ajuda profissional, as pessoas devem ter um círculo de apoio em momentos vulneráveis. Crie hábitos que não envolvam a comida, explorando novas atividades ou recursos para lidar com sentimentos como a ansiedade. 

Controlar a compulsão alimentar pode ser um processo desafiador, mas com autoconhecimento, apoio familiar e abordagens terapêuticas adequadas, é possível construir uma relação mais saudável com a comida. 

Alimentos que ajudam na compulsão alimentar 

Além de seguir todas as dicas acima, alguns alimentos podem ter um papel significativo no controle da compulsão alimentar. Frutas e vegetais são ótimas opções, pois são ricos em fibras, que aumentam a saciedade e oferecem vitaminas essenciais para o bem-estar emocional. Grãos integrais, como aveia e arroz integral, também ajudam a estabilizar os níveis de açúcar no sangue, proporcionando energia duradoura.  

Além disso, leguminosas como feijões e lentilhas, assim como nuts e sementes, são fontes de proteínas e gorduras saudáveis, fundamentais para realizar lanches que sustentem a fome e melhorem o humor. Para complementar, o iogurte natural, rico em probióticos, e peixes gordos, como salmão, trazem benefícios tanto para a saúde digestiva quanto para o bem-estar mental. 

Ao focar nesses alimentos, é importante manter uma rotina alimentar equilibrada, com refeições regulares e nutritivas, o que ajuda a evitar episódios de compulsão. Buscar apoio profissional também é essencial para compreender as causas subjacentes da compulsão alimentar e desenvolver estratégias que promovam um estilo de vida saudável e sustentável. A alimentação não deve ser vista apenas como uma necessidade física, mas como uma oportunidade de proporcionar saúde e bem-estar no dia a dia. 

Conhecimento é tudo! 

Compreender a compulsão alimentar é o primeiro para transformar sua relação com a comida ou ajudar alguém que você ama. Desde reconhecer os sintomas e as causas até buscar tratamento, cada passo conta na jornada para o bem-estar. Com apoio, autoconhecimento e ferramentas certas, você pode superar a compulsão alimentar ou ajudar outras pessoas a viverem uma vida mais equilibrada e saudável. 

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