“Eu sou Malala” luta pelo direito da mulher à educação

“Nasci menina num lugar onde rifles são disparados em comemoração a um filho, ao passo que as filhas são escondidas atrás de cortinas, sendo seu papel na vida apenas fazer comida e procriar….Para a maioria dos patchund, o dia em que nasce uma menina é considerado sombrio”, conta Malala logo no primeiro capítulo de seu livro biográfico.
Malala Yousafzai é uma garota paquistanesa de atualmente 19 anos que, aos 15, foi baleada na cabeça por defender o direito das mulheres à educação. O ataque aconteceu em outubro de 2012 quando Malala estava dentro de um ônibus escolar que saia da Escola Khushal, na cidade de Mingora, no vale do Swat, Paquistão. Extremistas do Talibã a viam como ameaça por se destacar e falar em público defendendo que meninas e jovens de seu país tivessem acesso à mesma educação que os meninos e homens paquistaneses recebem.
Contrariamente às expectativas, Malala sobreviveu ao atentado e se tornou um símbolo da luta pela liberdade e pelos direitos da mulher. Em 12 de julho de 2013, aos 16 anos, Malala foi convidada para discursar na sede da ONU, em Nova York, clamando por educação gratuita para todas as crianças do mundo. No mesmo ano também foi capa da revista Time, sendo considerada uma das 100 pessoas mais influentes do mundo. No ano seguinte, foi laureada com o Prêmio Nobel da Paz – a mais jovem indicada e premiada na existência da premiação.
Em 2013 Malala lançou sua biografia com a ajuda da jornalista britânica Christina Lamb. Em uma linguagem simples e confessional o livro acompanha a infância da garota no vale do Swat, seus primeiros anos de estudante, as dificuldades da vida numa região marcada por desigualdade social, as belezas do deserto e as trevas da vida sob o Talibã.
“Hoje todos sabemos que a educação é nosso direito básico. No Corão está escrito que Deus quer que tenhamos conhecimento. Ele quer que saibamos por que o céu é azul, sobre os oceanos e as estrelas. A luta é grande. No mundo existem 57 milhões de crianças fora da escola primária. Delas, 32 milhões são meninas. É triste, mas meu país, o Paquistão, ocupa um dos piores lugares: 5,1 milhões de crianças não vão sequer à escola primária, mesmo que na nossa Constituição esteja escrito que toda criança tem esse direito. Há quase 50 milhões de adultos analfabetos, dois terços mulheres – como minha própria mãe”.
Hoje, a jovem patchun (povo antigo composto de muitas tribos, dividido entre o Paquistão e o Afeganistão) continua sua campanha por meio do Fundo Malala, uma organização sem fins lucrativos de apoio à educação de meninas em comunidades ao redor do mundo.
Para saber mais sobre o Fundo Malala, acesse o site https://www.malala.org